quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Médicos goianos recebem nova alternativa para combater a obesidade

Aguardado pela classe médica brasileira desde 2011, balão intragástrico Spatz3 chegou à capital.  Médico que desenvolveu a tecnologia vem dos EUA a Goiânia para fazer a implantação em 8 pacientes, em procedimento que foi acompanhado por especialistas de todo Centro-Oeste. Goiás é o 2º Estado a receber a novidade.

                Sanduíches, frituras, doces e bebidas. Em outras palavras, carboidratos, gorduras e açúcares. Alimentos que são precursores da obesidade, principalmente quando ingeridos em excesso e aliados ao sedentarismo. O ritmo acelerado do cotidiano levado à população brasileira a recorrer mais a eles, tão presentes nos fast food e alimentos industrializados. Com isso, a população brasileira subindo os degraus no ranking mundial da obesidade. Estudo elaborado pela Universidade de Washington em 2014 coloca o Brasil como 5º país com mais obesos no planeta. Em Goiânia, 47,5% dos habitantes da capital está acima do peso ideal, enquanto outros 16,3% foram diagnosticados com obesidade, segundo informações do Ministério da Sáude.
                Para combater a doença crônica, diferentes soluções vem sendo desenvolvidas pelos cientistas - entre procedimentos cirúrgicos, medicamentos e acessórios. Uma delas vem sendo ansiosamente aguardada pela comunidade médica brasileira e chegou a Goiânia nesta terça-feira, 10 de fevereiro. Trata-se do balão intragástrico Spatz 3, a mais avançada tecnologia utilizada mundialmente. Lançado em 2005 pelo laboratório americano Spatz Medical, com tecnologia israelense, ele já está sendo utilizado por cerca de 5.000 pacientes em 35 países. No Brasil, a solicitação de aprovação da Anvisa chegou em 2011 e somente em novembro de 2014 foi autorizado pelo órgão.
                Para apresentar o balão intragástrico Spatz3, esteve em Goiânia, o gastroenterologista Jeffrey Brooks, médico com 25 anos de experiência clínica e titular do laboratório americano que desenvolveu do produto, o Spatz Medical. Durante todo o dia, o especialista passou pelo Hospital Neurológico, Clínica Cirúrgica Digestiva e Obesidade (CCDO) e Gastro Care, onde implantou o balão em oito pacientes goianos. O procedimento foi assistido por oito médicos de Goiânia, Mato Grosso e Brasília, regiões que receberão o produto por antecipação em relação a outros estados brasileiros.
                Grande é expectativa da classe médica em relação a esse produto. Para ter uma ideia, pacientes brasileiros já procuravam o Spatz3 no exterior. Quem afirma é Fernando Goulart, diretor da TopMed, importadora de produtos hospitalares responsável pela distribuição do Spatz3 em todo o Centro-Oeste. “Goiás será o segundo Estado a receber o produto, já que, por enquanto, este balão intragástrico só foi implantado em 10 pacientes de São Paulo”, informa.
                O balão intragástrico Spatz3 é uma cápsula revestida de silicone com soro fisiológico em seu interior. Implantado no vácuo estômago dos pacientes por meio de endoscopia - um procedimento menos traumático que a cirurgia bariátrica - é indicado para pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 27, ou seja, com sobrepeso. Seu objetivo é encher o estômago do paciente, dando-lhe a sensação de saciedade. Sua grande vantagem em relação aos balões convencionais, que são atualmente utilizados, é sua flexibilidade: após sua implantação, é possível ajustá-lo dentro do organismo.
                “Todos os balões perdem seu efeito dentro de 3 ou 4 meses. É quando balões Spatz3 podem ser ajustados. Ele é inflado, resultando em mais perda de peso. Assim, com os ajustes sucessivos, ele pode ser usado por até um ano, com melhores resultados e melhor manutenção do peso dois anos após sua remoção em comparação com os balões atuais”, explica doutor Jeffrey. Graças a esta vantagem, o balão pode permanecer no organismo pelo dobro do tempo dos balões convencionais - um ano -, tempo em que o paciente faz uma reeducação alimentar. “A ideia do Spatz3 é que o paciente se adapte à nova realidade do seu organismo”, diz o médico.
                De acordo com doutor Jeffrey, estudos publicados relatam 17 a 24 kg de perda de peso, cerca de 40 a 50% de excesso de peso do paciente, em um ano de uso do balão intragástrico Spatz3. Outro estudo publicado relatou que dois anos após a remoção do balão Spatz3, 76% dos pacientes mantiveram a perda de peso clinicamente significativa.
                Outra vantagem do Spatz3 é que ele oferece mais conforto na fase inicial, após sua implantação, em razão de seu volume ajustável. “O grande obstáculo dos demais balões é que eles provocam muita indisposição na fase de adaptação e muitos pacientes não conseguem se adaptar e desperdiçam o investimento feito”,  complementa Fernando Gourlart.

Obesidade
                Segundo a Organização Mundial de Saúde, 12% da população são obesos. A doença mata 2,8 milhões de pessoas no mundo em razão de seus problemas associados, como diabetes, hipertenção e problemas cardiovasculares. Ranking elaborado pela Universidade de Washington em 2014 coloca o Brasil como 5º país com mais obesos no planeta. No topo da lista está os Estados Unidos, seguidos da China, Índia e Rússia.
                Está acima do peso quem tem Índice de Massa Corporal (IMC) entre 25 e 29,9. A partir de 30 é considerado obeso. O IMC é conhecido quando se divide o peso pela a altura ao quadrado. A pesquisa internacional ainda ressalta que há 2,1 bilhões de pessoas acima do peso no mundo. Um a cada três em todo o globo.
                De acordo com números do Ministério da Saúde divulgados em 2013, 50,8% dos brasileiros estão acima do peso, um crescimento de 8% desde o primeiro levantamento realizado em 2006. Os obesos representam 17,5% da população, dados alarmantes, se comparados com os 11% detectados há nove anos.
                Frequentemente indicado por gastroenterologistas quando o assunto é evitar e combater a obesidade, os balões intragástricos estão cada vez mais populares no País. Só em Goiânia, a estimativa é que a procura pelo procedimento tenha aumentado em 100% nos últimos anos, busca que coincide com a proibição da venda de medicamentos à base de anfepramona, entre outros princípios ativos, pela Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa).


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