quinta-feira, maio 23, 2013

Pintura ao vivo na Casa Cor Goiás 2013


A cena de um artista entretido com os pincéis e paleta de tintas, absorvido pela cena retratada nos parques e praças e cercado de pessoas, é muito comum nos quadros de pintores clássicos e impressionistas dos séculos 17 e 18. Parte da cultura clássica arraigada na mentalidade dos povos europeus, especialmente na França, a pintura ao vivo tem o poder de parar o transeunte e promover a contemplação. A curiosidade é despertada pela forma que adquire vida aos poucos, a cada pincelada do artista no quadro.
Charles, artista plástico goiano de 41 anos, está vivendo esse momento na Casa Cor Goiás 2013. O desafio dele é reproduzir uma pintura magnífica da celebridade mais retratada do final do século 18: Jeanne Antoinette, a Marquesa ou Madame de Pompadour. Rica, sempre deslumbrantemente vestida, dona de personalidade magnética e amante de um nobre francês, ela foi retratada em várias situações por vários pintores, como François Boucher. Charles está pintando uma cena de Pompadour recostada numa cadeira, descansando de uma leitura e vestida com um vestido verde inigualável de tantos detalhes.

A Beleza da Arte 
“Essa é uma temática do academicismo francês, trabalhada em pelo menos sete camadas de tintas, muitos tons e sombras, efeitos de luz, detalhes de composição e sobreposições. Requer muita concentração e, por isso, não é comumente realizada ao vivo”, explica Charles.  Mas ele aceitou o desafio para divulgar a arte e levar as pessoas a contemplar um pouco da essência artística que, segundo ele, vem se perdendo.
                O convite partiu do arquiteto Alexandre Milhomem, que assina o Estúdio Parisiente, ambiente onde Charles realiza seu trabalho todos os dias. Segundo o arquiteto, a ideia é que os visitantes relembrem todo o sentimento de uma época onde o trabalho era somente manual, rico em detalhes, objetivando o conforto e a beleza. “No teto, estão quadros com pinturas clássicas exatamente para mostrar como a contemplação e a imaginação eram valorizados”, diz Milhomem.

Curiosidade 
A todo momento, Charles é abordado por algum visitante, encantado com a semelhança da reprodução com a pintura original. Ele é atencioso e explica os vários estudos necessários para tentar ficar bem próximo do quadro original. “Goiânia é carente desse conhecimento. Na França as pessoas vão às galerias com uma lupa para olhar de perto os detalhes da obra”. Charles, que expõe seus trabalhos na Galeria Época, tem um projeto de divulgar a arte nos parques da capital. “Vou realizar uma pintura ao vivo com modelo no Parque Flamboyant quando terminar o trabalho na Casa Cor Goiás. Será no estilo impressionista, mais adequado para pinturas ao ar livre”, explica.
Para terminar o quadro na Casa Cor Goiás, Charles vai levar todos os dias da mostra (40 dias), trabalhando de quatro a seis horas por dia, inclusive em feriados e finais de semana. Segundo ele, isso não é nada perto do que os artistas clássicos que ele admira - como Michelângelo ou Rembrandt - levavam para concluir suas obras, às vezes vários anos ou até uma vida inteira. “A pintura nos séculos 17 e 18 era um estilo de vida, a tradução de um espírito de época, a própria concepção da arte”, finaliza.

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