quinta-feira, setembro 17, 2015

Setembro Amarelo visa combater suicídio


Muitos casos de suicídio são decorrentes de transtornos mentais, como a depressão, e podem ser evitados. 
Pais devem ficar alerta às crianças e adolescentes.



            Com o objetivo de alertar pais de crianças e adolescentes e conscientizar a população diminuindo o número de pessoas que atentam contra a própria vida no Brasil, a partir deste ano foi instaurado o movimento Setembro Amarelo, reforçando o Dia Mundial de Combate ao Suicídio, comemorado no dia 10 de setembro. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a cada 40 segundos morre uma pessoa em decorrência de suicídio no mundo, totalizando mais de 800 mil por ano. O Brasil é o 8º país no ranking e dentre as pessoas de 15 a 29 anos é a segunda maior causa de mortes. Muitos casos oficialmente registrados podem ser evitados por estarem relacionados a doenças mentais que, se diagnosticadas, têm tratamento médico.
            Os episódios mistos do Transtorno Bipolar e a depressão  uni ou bipolar aparecem como a principal dessas doenças, além de esquizofrenia, transtornos de personalidade, reações ao uso de drogas e outros males. Na infância e adolescência, essa depressão nunca deve ser menosprezada e alguns sinais como dores sem correspondência com problemas orgânicos (cabeça, barriga), isolamento, perda da vontade, autoestima baixa, sentimento de culpa, autopunição, irritabilidade e impaciência podem indicar o início de uma depressão que, se não tratada, leva ao risco de suicídio.
            De acordo com a médica pediatra especialista em comportamento e desenvolvimento infantil da PAXkids, Ana Márcia Guimarães, defende que os pais devem desconfiar de mudanças no comportamento, perda ou ganho de peso, isolamento, presença de lesões no corpo, impaciência e intolerância, faltas frequentes na escola, queda do rendimento escolar e brincadeiras perigosas. “É preciso falar abertamente com a criança ou adolescente perguntando o que sentem sem medo de investigar pensamentos de morte e dizer que estão doentes e que serão levados ao médico, pois existe uma solução”, afirma.
            Segundo a psicóloga especialista em atendimento de crianças e adolescentes da PAXkids, Andréa Stefani, nos últimos anos o suicídio infantil tem aumentado significativamente, tendo como referência a depressão, a privação emocional, a falta de afeto e o abuso físico. Dados do Mapa da Violência, do Ministério da Saúde, mostram que de 2002 a 2012 houve crescimento de 40% da taxa de suicídio entre crianças e pré-adolescentes com idade entre 10 e 14 anos e incremento de 33,5% na faixa etária de 15 a 19 anos. “Atualmente, o suicídio é uma das maiores causas de mortalidade entre os jovens no mundo. Por isso, toda intenção e fala suicida devem ser levadas em consideração, pois indicam um intenso sofrimento psíquico que leva o indivíduo a colocar sua vida em risco na tentativa de resolver sua situação. Os pais devem estar atentos aos seus filhos, saber com quem andam, verificar mensagens nos celulares e computadores. Com o aumento de jogos suicidas nas redes sociais e páginas que incentivam o suicídio, os adolescentes têm sido motivados a morrer”, explica.


Tabu
            Apesar de ser um assunto tabu, que normalmente não tem espaço na mídia pelo medo de incentivá-lo, o suicídio é uma problemática de saúde pública. A Organização Mundial da Saúde (OMS),  por meio do Programa de Prevenção a Suicídios lançou em 2000 manuais objetivando informar sobre como prevenir e ajudar na diminuição dos casos.  A equipe  PAXkids  acredita que é preciso atentar-se para alterações de comportamento para dar aos pacientes a chance de encontrar uma saída no tratamento.
            “O suicídio não pode ser um tabu. Deve ser estudado e discutido a fim de auxiliar na prevenção. Questionar sobre ideação suicida não aumenta o risco de suicídio. Ao contrário, permite que o indivíduo se sinta aliviado ao falar sobre o que lhe traz sofrimento”, afirma a psicóloga Andréa. A médica Ana Márcia concorda dizendo que “as perguntas da família e dos médicos devem ser claras e diretas, de acordo com cada faixa etária, questionando se a pessoa já pensou em tirar a própria vida”.




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