Muitos casos de suicídio são decorrentes de transtornos mentais, como a
depressão, e podem ser evitados.
Pais devem ficar alerta às crianças e adolescentes.
Pais devem ficar alerta às crianças e adolescentes.
Com o objetivo de
alertar pais de crianças e adolescentes e conscientizar a população diminuindo
o número de pessoas que atentam contra a própria vida no Brasil, a partir deste
ano foi instaurado o movimento Setembro Amarelo, reforçando o Dia
Mundial de Combate ao Suicídio, comemorado no dia 10 de setembro. Segundo dados
da Organização Mundial de Saúde, a cada 40 segundos morre uma pessoa em
decorrência de suicídio no mundo, totalizando mais de 800 mil por ano. O Brasil
é o 8º país no ranking e dentre as pessoas de 15 a 29 anos é a segunda maior
causa de mortes. Muitos casos oficialmente registrados podem ser evitados por
estarem relacionados a doenças mentais que, se diagnosticadas, têm tratamento
médico.
Os episódios
mistos do Transtorno Bipolar e a depressão uni ou
bipolar aparecem como a principal dessas doenças, além de
esquizofrenia, transtornos de personalidade, reações ao uso de drogas e outros
males. Na infância e adolescência, essa depressão nunca deve ser menosprezada e
alguns sinais como dores sem correspondência com problemas orgânicos (cabeça,
barriga), isolamento, perda da vontade, autoestima baixa, sentimento de culpa,
autopunição, irritabilidade e impaciência podem indicar o início de uma
depressão que, se não tratada, leva ao risco de suicídio.
De acordo com a médica
pediatra especialista em comportamento e desenvolvimento infantil da PAXkids, Ana
Márcia Guimarães, defende que os pais devem desconfiar de mudanças no
comportamento, perda ou ganho de peso, isolamento, presença de lesões no corpo,
impaciência e intolerância, faltas frequentes na escola, queda do rendimento
escolar e brincadeiras perigosas. “É preciso falar abertamente com a criança ou
adolescente perguntando o que sentem sem medo de investigar pensamentos de
morte e dizer que estão doentes e que serão levados ao médico, pois existe
uma solução”, afirma.
Segundo a psicóloga
especialista em atendimento de crianças e adolescentes da PAXkids, Andréa
Stefani, nos últimos anos o suicídio infantil tem aumentado
significativamente, tendo como referência a depressão, a privação emocional, a
falta de afeto e o abuso físico. Dados do Mapa da Violência, do Ministério
da Saúde, mostram que de 2002 a 2012 houve crescimento de 40% da taxa de
suicídio entre crianças e pré-adolescentes com idade entre 10 e 14 anos e
incremento de 33,5% na faixa etária de 15 a 19 anos. “Atualmente, o
suicídio é uma das maiores causas de mortalidade entre os jovens no mundo.
Por isso, toda intenção e fala suicida devem ser levadas em consideração, pois
indicam um intenso sofrimento psíquico que leva o indivíduo a colocar sua vida
em risco na tentativa de resolver sua situação. Os pais devem estar atentos aos
seus filhos, saber com quem andam, verificar mensagens nos celulares e
computadores. Com o aumento de jogos suicidas nas redes sociais e páginas que
incentivam o suicídio, os adolescentes têm sido motivados a morrer”, explica.
Tabu
Apesar de ser um
assunto tabu, que normalmente não tem espaço na mídia pelo medo de
incentivá-lo, o suicídio é uma problemática de saúde pública. A Organização
Mundial da Saúde (OMS), por meio do Programa de Prevenção a Suicídios
lançou em 2000 manuais objetivando informar sobre como prevenir e ajudar na
diminuição dos casos. A equipe PAXkids acredita que é preciso
atentar-se para alterações de comportamento para dar aos pacientes a chance de
encontrar uma saída no tratamento.
“O suicídio não pode
ser um tabu. Deve ser estudado e discutido a fim de auxiliar na prevenção.
Questionar sobre ideação suicida não aumenta o risco de suicídio. Ao contrário,
permite que o indivíduo se sinta aliviado ao falar sobre o que lhe traz
sofrimento”, afirma a psicóloga Andréa. A médica Ana Márcia concorda dizendo
que “as perguntas da família e dos médicos devem ser claras e diretas, de
acordo com cada faixa etária, questionando se a pessoa já pensou em tirar a
própria vida”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário