sexta-feira, agosto 29, 2014

O desaparecimento das abelhas: Siron Franco usa a arte para alertar a sociedade

Artista buscou inspiração na possível extinção das abelhas e construiu uma nova obra de arte para alertar a sociedade e incentivar o debate entre autoridades e imprensa.


                Há algumas semanas, o artista plástico goiano, Siron Franco, deu início à construção de sua nova obra de arte, intitulada “O desaparecimento das abelhas”. A obra consiste na plotagem de cerca de 2 mil abelhas em todo o prédio do Instituto Rizo, réplica do Museu das Bandeiras da Cidade de Goiás, localizada na Avenida Cora Coralina, Setor Sul, em Goiânia-GO.
                A inspiração do artista foi a notícia do desaparecimento de abelhas em vários países, com maior índice na Europa e Estados Unidos, e que repercutiu em todo o mundo.
                No evento de lançamento, Siron Franco recebeu a imprensa “O objetivo é colocar em pauta novamente um fato tão grave, que é o desaparecimento de insetos, sobretudo das abelhas. Pouca gente sabe, mas o desaparecimento das abelhas tem um impacto muito grande na agricultura. As pessoas costumam associar a abelha com o mel, mas o mel é o que menos importa, do ponto de vista que ela ajuda toda a civilização mundial porque ela afeta a agricultura. No mundo contemporâneo, é lançada uma notícia, mas depois ela para de ser veiculada. Com essa instalação, estamos colocando novamente essa discussão em evidência”, esclareceu Siron Franco.
                A arte ficará exposta por tempo indeterminado. Siron disse que a intenção é que as abelhas permaneçam enquanto o material resistir (devido às condições climáticas) “As abelhas com o tempo vão desaparecendo e é o próprio foco do que está acontecendo na vida. Até o final do ano elas devem estar aí”. O artista ainda espera uma reflexão maior dos cientistas e da sociedade sobre o assunto “Acredito que a sociedade tem que pensar seriamente, os cientistas também, sobre como a gente pode plantar sem defensivos agrícolas que afetem esses insetos, porque nossa vida depende deles. A vida na verdade acontece no campo. A nossa subsistência não vem da cidade e as pessoas não tem essa ideia. Então aqui é um lugar de debate”, complementou.
                Segundo Siron, a partir deste projeto, outras causas serão levadas a público através da cultura, utilizando o Instituto Rizo como sede para eventos, exposições de suas obras e encontros culturais com debates para a sensibilização, envolvendo especialistas e a comunidade. “A ideia é essa, trazer informação e especialistas como Washington Novaes e apicultores para conversar com estudantes. Essa parede vai ser sempre temática. Quando houver outro assunto, cria-se algo novo. Faço as coisas com base naquilo que me toca, apenas se houver paixão, e a minha paixão começou com as abelhas. Vamos fazer a sociedade saber também que o Instituto é delas – crianças, adolescentes e adultos – pois a arte não tem idade”, finalizou.

O desaparecimento das abelhas 
                O fenômeno Colony Colapse Disorder (CD – “desordem de colapso de colônias”, em inglês), que despertou em 206 nos Estados Unidos, causou preocupação nos cientistas quando aumentou a sua proporção no mundo e após a descoberta do vírus israelense de paralisia aguda (IAPV, em inglês), que danifica o código genético dos insetos.
                Segundo W. Ian Lipkin, diretor do Centro para Estudo de Infecção e Imunologia na Mailman Schol of Public Health, da Universidade de Columbia, e um dos principais autores do estudo, não está comprovado que o único causador do CD seja o vírus. A combinação de má alimentação, pesticidas e outros fatores, incluindo a infecção, também podem ser os causadores do transtorno.
                As abelhas são importantes para a polinização de inúmeras espécies de plantas floríferas que existem no mundo. Elas polinizam 71 das 10 colheitas que alimentam e vestem a humanidade, segundo relatório da ONU de 2010. Entre essas culturas estão as de amêndoas, frutas (incluindo cítricos), verduras, algodão, sementes de forrageiras, como alfafa, e oleaginosas, como girassol e canola. Sem as abelhas, essas plantas não terão como se reproduzir e sobreviver, comprometendo desde a economia até a alimentação mundial.
                Os Estados Unidos foi um dos países mais afetados, com o desaparecimento de cerca de 50 bilhões de abelhas, o que representa 40% das colmeias do país. Estima-se que as abelhas façam uma polinização avaliada em US$ 15 bilhões por ano, “operando” no limite. Metade das cerca de 2,5 milhões de colmeias no país é necessária para polinizar plantações de amêndoas.
                No Brasil, alguns problemas já foram detectados. Apicultores de Santa Catarina relataram que um terço das 30 mil abelhas do Estado desapareceram em 2012. Ainda não se sabe como a queda da quantidade de abelhas comprometerá a produção alimentícia mundial, portanto cabe o alerta para a prevenção da extinção desses insetos.


(Fonte de apoio: Portal de Notícias Uol, Planeta Sustentável: editora Abril, e Revista Planeta: site Terra)

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