Na moda de alguns anos para cá, a Bichectomia é
um tipo de cirurgia plástica para remover,
total ou parcialmente, duas bolsas de gordura presentes entre o maxilar e a
mandíbula, chamadas de "bolas de Bichat". Essas bolsas de gordura são
encontradas no corpo de qualquer pessoa, acima ou não de seu peso ideal. O
objetivo desse procedimento é afinar a parte debaixo do rosto, realçando os
contornos faciais.
Essa retirada é relativamente simples, mas demanda
cuidados diversos que vão desde sua indicação até os cuidados pós-operatórios.
A cirurgia por si só, não acarreta a queda da musculatura do rosto. O processo
de envelhecimento facial, notadamente após os 50 anos de vida, se dá pela queda
das estruturas do rosto (pele, músculo, aponeurose e glândulas) e por uma
atrofia das estruturas ósseas.
A bola de Bichat é uma estrutura gordurosa profunda. Ela
preenche a bochecha e, de certa forma, disfarça essa queda acentuada do rosto
peculiar ao envelhecimento. Por isso, não se deve indicar o procedimento
indiscriminadamente. Ele deve ser realizado naqueles que tem um volume
exagerado das bochechas ou em pacientes que mastigam muito a bochecha.
O
profissional da área da saúde que se sujeita a realizar bichectomia deve
dominar a anatomia facial, deve ter realizado esse procedimento durante sua
especialização e deve saber tratar as complicações que porventura surgirem.
Além disso, amplo conhecimento dos processos de coagulação sanguínea, das formas
diversas de cessar sangramento, dos medicamentos alopáticos ou naturais que retardam
a coagulação, dos antibióticos que melhor atuam nas bactérias da cavidade oral,
da reabilitação facial após lesão do nervo facial, drenagem ou cateterização
dos cistos salivares deve fazer parte do arsenal terapêutico do profissional de
saúde que realiza o procedimento.
Pacientes com idade inferior a 18 anos e com sobrepeso
são contra indicações ao procedimento. Na primeira ocasião, estaríamos
retirando Bola de Bichat em pacientes que o rosto ainda não se desenvolveu por
completo e na segunda, seria um procedimento cirúrgico indicado para um paciente
em que talvez a perda de peso fosse o bastante para provocar o afinamento do
rosto.
Riscos
Alguns riscos são pertinentes a qualquer procedimento
cirúrgico, como o da infecção e o sangramento. Como riscos específicos da
bichectomia temos a lesão do canal que leva a saliva para a boca, a lesão no
nervo facial permanente ou temporária, responsável pela movimentação da boca e
a queda de líquidos (sangue ou saliva) nas vias aéreas. Por isso neste último é
tão importante a presença do anestesista para os pacientes que queiram dormir
durante o procedimento.
O procedimento mal sucedido pode levar a paralisia do
músculo do nervo da boca, deixando-a torta. Essa paralisia pode ser temporária
ou permanente, dependendo da gravidade da injúria no ato cirúrgico. A lesão do
ducto parotídeo pode levar a formação de cistos de saliva na região da
bochecha, infecção local e dificuldade na mastigação dos alimentos.
Normalmente, são acometimentos reversíveis, desde que o tratamento certeiro
seja realizado após o trauma. A bichectomia é um procedimento irreversível e,
como tal, merece todo o zelo dispensados aos procedimentos cirúrgicos diversos.
Fernando de Nápole é cirurgião plástico e preceptor do
Serviço de Residência Médica em Cirurgia Plástica do Hospital Alberto Rassi (HGG).
Serviço de Residência Médica em Cirurgia Plástica do Hospital Alberto Rassi (HGG).
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