segunda-feira, abril 10, 2017

Bichectomia, saiba mais

          



Na moda de alguns anos para cá, a Bichectomia é um tipo de cirurgia plástica para remover, total ou parcialmente, duas bolsas de gordura presentes entre o maxilar e a mandíbula, chamadas de "bolas de Bichat". Essas bolsas de gordura são encontradas no corpo de qualquer pessoa, acima ou não de seu peso ideal. O objetivo desse procedimento é afinar a parte debaixo do rosto, realçando os contornos faciais.
Essa retirada é relativamente simples, mas demanda cuidados diversos que vão desde sua indicação até os cuidados pós-operatórios. A cirurgia por si só, não acarreta a queda da musculatura do rosto. O processo de envelhecimento facial, notadamente após os 50 anos de vida, se dá pela queda das estruturas do rosto (pele, músculo, aponeurose e glândulas) e por uma atrofia das estruturas ósseas.
A bola de Bichat é uma estrutura gordurosa profunda. Ela preenche a bochecha e, de certa forma, disfarça essa queda acentuada do rosto peculiar ao envelhecimento. Por isso, não se deve indicar o procedimento indiscriminadamente. Ele deve ser realizado naqueles que tem um volume exagerado das bochechas ou em pacientes que mastigam muito a bochecha.
O profissional da área da saúde que se sujeita a realizar bichectomia deve dominar a anatomia facial, deve ter realizado esse procedimento durante sua especialização e deve saber tratar as complicações que porventura surgirem. Além disso, amplo conhecimento dos processos de coagulação sanguínea, das formas diversas de cessar sangramento, dos medicamentos alopáticos ou naturais que retardam a coagulação, dos antibióticos que melhor atuam nas bactérias da cavidade oral, da reabilitação facial após lesão do nervo facial, drenagem ou cateterização dos cistos salivares deve fazer parte do arsenal terapêutico do profissional de saúde que realiza o procedimento.
Pacientes com idade inferior a 18 anos e com sobrepeso são contra indicações ao procedimento. Na primeira ocasião, estaríamos retirando Bola de Bichat em pacientes que o rosto ainda não se desenvolveu por completo e na segunda, seria um procedimento cirúrgico indicado para um paciente em que talvez a perda de peso fosse o bastante para provocar o afinamento do rosto.

Riscos
Alguns riscos são pertinentes a qualquer procedimento cirúrgico, como o da infecção e o sangramento. Como riscos específicos da bichectomia temos a lesão do canal que leva a saliva para a boca, a lesão no nervo facial permanente ou temporária, responsável pela movimentação da boca e a queda de líquidos (sangue ou saliva) nas vias aéreas. Por isso neste último é tão importante a presença do anestesista para os pacientes que queiram dormir durante o procedimento.
O procedimento mal sucedido pode levar a paralisia do músculo do nervo da boca, deixando-a torta. Essa paralisia pode ser temporária ou permanente, dependendo da gravidade da injúria no ato cirúrgico. A lesão do ducto parotídeo pode levar a formação de cistos de saliva na região da bochecha, infecção local e dificuldade na mastigação dos alimentos. Normalmente, são acometimentos reversíveis, desde que o tratamento certeiro seja realizado após o trauma. A bichectomia é um procedimento irreversível e, como tal, merece todo o zelo dispensados aos procedimentos cirúrgicos diversos.


Fernando de Nápole é cirurgião plástico e preceptor do
Serviço de Residência Médica em Cirurgia Plástica do Hospital Alberto Rassi (HGG).

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